Passeio noturno

Posted by Gustavo Aguiar On sexta-feira, 22 de janeiro de 2010 0 comentários

A cidade e seus edifícios modernos...

Extremamente barulhenta durante o dia, debaixo das tiras de fumaça espirradas pelos restaurantes gran-finos e pubs de meio fio, eles e as grandes fábricas com milhares de chaminés ecologicamente destrutivas apontadas para o céu e o céu para elas. Um verdadeiro duelo texano. As linhas de fumaça sobem ao céu como serpentes sem pressa de alcançá-lo. O vento sopra e elas rastejam no ar, onduladas, deformadas... Imperfeitas como tudo no mundo.

Sempre fui mais chegado na calada da noite, quando todo o tráfego é varrido das ruas com seus neons coloridos e pessoas medíocres transitando sem parar feito formigas frenéticas correndo da inseticida. Barmans chatos pra cacete trabalhando por obrigação, alguns até cuspindo seus problemas pessoais na cara dos clientes a noite toda, quase quebrando as disputadas garrafas de jack daniels em cima do balcão esmagando-as com seus dedos grossos de unhas amareladas. Carros coagulando no asfalto... eles só quietam depois da noite, pouco antes da madrugada num intermédio temporal noturno, e então a cidade adormece.

Andar numa noite calma é o mesmo que meditar dentro de um quarto escuro, a diferença é que o quarto não é perscrutável, porque já o conhecemos a fundo, cada curva ou teia de aranha no vértice da parede com o teto, cada essência e objetos que se decifrados revelam a nossa maneira de pensar, nossa ótica perante as coisas, nossos conceitos. Quatro paredes de tijolo e concreto não enquadram nem a ponta do bico do tucano sobre o que se esconde dentro das nossas carcaças.

Explore a cidade como a uma mina de diamantes num horário que mais ninguém caminha em suas calçadas e que os prédios não estejam cheios de funcionários ortodoxos junto com o barulho insuportável do trânsito. Veja como ela olha para você, em silêncio, espreitando-o onde quer que você vá e criando mil destinos na sua cabeça, confundindo-o com uma dose bem aplicada de torção cerebral. O paradigma urbano foi gerado pela ignorância humana, uma vez que o homem destruiu a si mesmo através dele. E foi muito depois de criar o Frankenstain que a humanidade descobriu que o monstro usufruiu de mais recursos do que lhe foi permitido usufruir. Otários... criaram o míssil e explodiram a si mesmos.

Hoje a cidade não grita. Chegou a hora de ela ouvir os meus passos.

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